sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Pra não passar a sexta em branco



(Se não ficou legível: É amarga, deve ser servida fria, bate um arrependimento enorme depois - mas na hora é tão bom...)

Boa sexta e bom fim de semana a todos!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

AMANHÃ EU DEVOLVO - Julio Lins



Quando éramos todos índios, apesar das inconveniências de ter que dormir em rede, éramos felizes. Tempos depois com o advento das paredes, das casas e edifícios, a humanidade criou, e ainda não aprendeu a conviver com um de seus maiores problemas: o vizinho.

Na tribo nada era próprio. Por isso nada podia ser emprestado. As tribos acabaram, viramos seres civilizados cada um na sua própria oca (nem todos tiveram essa sorte). Em algum momento da nossa história o que era parente se tornou vizinho. Este por sua vez começou a perceber que não precisava comprar tudo o que queria nas feiras do seu vilarejo. Bastava ir a casa ao lado. Foi aí que a verdadeira história começou.

Vizinho é aquele que mora ao lado da gente. Porém existem dois tipos mais incomuns: o de cima; aquele que a gente só lembra quando ele faz uma festa, e o de baixo; o que a gente não lembra de jeito nenhum a não ser quando ele reclama do vazamento no banheiro.

Mas o conceito de vizinho vem evoluindo. Segundo os estudiosos em vizinhologia deixou de ser apenas uma pessoa que mora contigüamente a nós para todo aquele, que por algum motivo cultural, bate na sua porta nas horas mais inconvenientes pedindo “emprestado” o que já é esperado: açúcar, sal e até pra tomar conta do filho dele enquanto ele vai “ali e volta já”.

Ora! Mas o atento leitor talvez tenha percebido que esta definição acima se confunde com as características encontradas nos amigos e parentes, com a diferença que estes pedem coisas menos incômodas como dinheiro, cartão de crédito, o carro etc. – tem razão, mas como já foi dito, o conceito está ainda em evolução.

O estudo não para por aí. Sabe-se também que existem vários níveis dessa doença. O mais avançado é aquele que já se acha amigo e às vezes faz uma visitinha social só pra demonstrar desinteresse. Nesta visitinha ele ou ela faz um inventário mental de todos os objetos emprestáveis não imprestáveis, para pedir na próxima aparição.

Relativo a este, nenhuma das táticas, como dizer que já está saindo, que está com uma dor de cabeça daquelas e, a mais utilizada, se fingir de morto, não funcionam. Vou explicar: o experiente indivíduo em questão sabe todos os seus horários, leva um analgésico sempre no bolso, ou então se for preciso toca a campainha até fazer os mortos ressuscitaram.

Geralmente esta criatura especial na hora de pedir atua como se tivesse sido pego de surpresa. Qual de nós, cidadãos indefesos já não fomos vítimas de tal ardil? “Oi tudo bem? É que eu ia fazer um bolo e na hora eu percebi que faltava farinha, manteiga, ovos e a batedeira... cê tem pra me emprestar aí?... amanhã eu devolvo”.Como se existisse amanhã em seu calendário.

A verdade é que não fomos ainda treinados para nos defender. Portanto caro amigo, da próxima vez que tocarem sua campainha, abra a porta com um sorriso e atenda bem o seu cliente, lembre-se que seu açúcar pode acabar e que você também é o vizinho de alguém.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O Latido dos Cães - Edison Lotério

Entro no barraco de tijolos sem reboco. Ele está deitado no sofá, ouvindo música no rádio. Sento-me ao seu lado
E aí, cara.
Ele sorri, estende as mãos
Meu maninho, até que enfim você aparece. Por onde tem andado.
Trabalho.
Eu sei, braço direito, homem de confiança, grande mano.
Continuo olhando para ele deitado ali no sofá, sorriso na cara, sincero. Está mesmo feliz de me ver. Magro, cara de quem o pó está comendo por dentro. Levanta-se, passa as mãos pelo meu ombro e me arrasta com ele.
Vamos para a cozinha
Você não vai embora sem tomar uma comigo. Depois não sei mais quando você aparece. O cara é meu amigo de infância, somos ali, carne e unha, aí ele cresce e toma outros rumos, o amigo na maior saudade.
Sentamos na mesa, ele pega uma garrafa na geladeira, pela porta aberta entra o ar da noite, escutamos o murmúrio de crianças correndo, brincando, na rua. Pela porta vemos os postes que se acendem
Meu mano, que saudade quando éramos assim, parece conversa de velho mas é verdade. Você não sente dessas saudades.
É, nos divertíamos muito, a gente até que era alegre, até feliz.
Que nem letra de samba. Minha mãe é que gostava de você cara. Tinha orgulho de você. Se visse você agora ficaria feliz.
Eu não apareci no seu enterro, não podia.
Grande homem de negócios.
Escancara seus dentes num sorriso largo. Vejo ele ali, é um pedaço da minha vida nos casos que ele relembra, grande memória dos tempos perdidos, coisas que já tinha esquecido, coisas que davam uma moleza triste na gente. As garrafas se amontoam na mesa, e ele lembra, lembra.
Abre uma gaveta e tira o pó. Abre o saquinho na mesa
Para o meu amigo do peito.
Não quero cara, tenho um serviço mais tarde, preciso estar limpo.
Me coloca na jogada, estou enrolado com umas coisas, preciso entrar numa boa para livrar a cara, me põe nessa, cara.
É claro.
Olha pela porta aberta e a noite passa. Agora é o silêncio, a calma superficial. Ele está sentado na minha frente, cochilando, chapado. Abre os olhos e sorri ao ver que ainda estou ali
Grande amigo.
Saco a pistola e aponto para ele, que se endireita na cadeira, olhos esbugalhados
Brinca não, maninho. Não gosto disso.
Caralho, cara. Porque foi aprontar aquela merda.
Não, espera aí. Você não. Somos camaradas, ele mandaram você por isso. Somos irmãos, eles querem me assustar. Me ajuda, você pode, você me tira dessa, acerto com eles, fico barra limpa de novo, nunca mais vacilo.
Sorri
Mandaram você para me assustar. Puxa, você é meu irmão, não faria isso com seu maninho de sangue, mandaram você porque sabem que você me tira dessa, irmão.
Cacete, até parece que você não sabe como as coisas funcionam.
Aperto o gatilho, ele cai de costas, derruba a cadeira. Vou até o corpo, queria dar um tiro só para acabar de vez, mas ele está ali, estrebuchando. Atiro na cabeça, ele para. Não dá para ver se sorri, se está de olho aberto, a cara é uma posta de sangue.
Saio, logo vai amanhecer. Caminho pelas ruas desertas, escutando o silêncio no latidos dos cães.
A vida é mesmo uma merda.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Voltando a vida normal depois do TOughEL...

Hoje, domingo 12-12-10, eu comecei algumas mudanças aqui no Blog, para melhorar a segurança e administração do mesmo - ao mesmo tempo em que estou terminando no SISBB a lista de todos os participantes do festival desse ano para enviar o convite a todos que queiram participar/contribuir/agregar a este humilde espaço.

O motivo dessa primeira mudança - aferir usuários-contribuidores (eu estou postando de meu próprio e-mail, e não mais do administrador do blog) - se faz pela questão prática e simples que Dunbar tanto discursou... Ou, que o provérbio brasileiro dita: Cachorro com dois donos passa fome. Eu fiz alguns testes, e vi que alterar qualquer coisa com a conta de administrador é possível, e, uma simples alteração/mudança inadvertida/ataque de hacker proposital pode colocar todo o conteúdo do site fora do ar, seja por uma brincadeira de mau gosto ou por falta de coisa melhor pra fazer. Com isso já fiz os convites aos demais usuários que já se cadastraram no site para que contribuam de suas contas particulares, e, se ninguém se opor, devo fazer maiores alterações na conta de administrador - comunicando-os posteriormente do que foi feito.
Eu pretendo, com o tempo até alterar as condições do administrador, e fazer com que esta função seja mantida por mais de uma pessoa, ou até que seja um 'cargo' rotativo, mantido de tempos em tempos por algum de nós.

Aproveitei para fazer um back-up de segurança também, e conferir algumas funcionalidades - como limitações e condições aos posts de convidados, capacidade de edição e formatação de material e etcs. O que me leva a enquete que adicionei: O que vocês acham de gerar alguma renda ao blog com o Adserv? O valor não é muito, mas pode ajudar no caso de aquisição de domínio na rede ou provedor - no caso de alguma eventual cobrança - ou quiçá tudo dê certo, o patrocínio para publicação de material pro pessoal do blog, ou até mesmo de material aqui contido.

Boa semana a todos, e