sábado, 30 de abril de 2011

A madrugada dos mortos-vivos

  Ninguém sabe ao certo como começa, quem ou qual foi o primeiro a receber a mordida... A ser infectado...

Mas aos poucos e em breve aos milhares eles saem e tomam as ruas, em uma estranha sincronia. Passo ante passo, a multidão segue sem vontade própria ou desejos, movendo-se apenas por um instinto arcáico e perdido no córtex cerebral, provocando uma reação organizada e coletiva que todos os cientistas alegavam ter desaparecido no processo evolutivo e social.
A multidão encontra outra multidão e no caminho mais outra, e segue criando uma massa uniforme e irrefreável, com um único propósito e finalidade.
Há um torpor coletivo que suporta o frio, o tempo, a humilhação da idiotice do que todos ali estão a fazer, e bizarramente isso se alastra, sem que saibamos se por simples mimetismo ou por real infecção de órgãos e sentidos por parte de algum vírus, bactéria ou fungo. Pelo menos nenhum dos sintomas é conhecido dos agentes infecciosos conhecidos pleo homem até hoje (a menos que o mito sobre uma variação da cepa da E.Coli chamada E. Papparazzi seja real).
Através do país e do continente massas de pessoas se reúnem ao redor da abadia de Westminster, enquanto a situação se torna global.
Em uma questão de horas o mundo todo parece atônito e paralizado sem pensamentos ou atos.
Até que subitamente o interesse dissipa, e tão rápido como começou, a multidão passa a dispersar.
E então tudo segue adiante, e, como já era antes, ninguém mais se importa.