quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Mensagem de fim de ano (provável último post de 2010)

(Ligue o som pra começar a ler - provavelmente o tempo da música deve ser o mesmo necessário para a leitura de começo ao fim, e essa acabou sendo a intenção). PS: Terminando de editar precisamente às 21:12... Acho que isso quer dizer alguma coisa, e acho que pouca gente vai entender...


O despertador toca, e sua cabeça começa a zunir. São dolorosos segundos até perceber onde está, e se recompor de seu agradável sonho, e cair naquela ainda madrugada quente para iniciar sua rotina de exercícios.
Já estava acostumado a acordar antes do sol para caminhar por uma hora, uma hora e meia, fazer flexões e algumas abdominais antes do café da manhã e de se preparar para o trabalho no centro de pesquisas. A diferença é que hoje era um sábado, e havia acordado cedo apenas para manter seus hábitos e seu coração no ritmo. Parece no automático, com sua mente vagando em outro lugar. Via outro mundo com seus olhos, e sorria como criança enquanto caminhava sem sair do lugar na esteira... Sem nem ao menos perceber que sorria.
Correu quase duas horas, e não estava cansado, mas suava muito, e sentia que era hora de um bom banho. Pulou qualquer outro exercício e até mesmo o desaquecimento que fazia parte de seus hábitos e treinamentos para usufruir de uma banheira relaxante, com sais que pareciam massagear suas costas e o restante de seu corpo. Quase cochilou novamente, e viu, uma vez mais o mundo no reflexo de seu capacete. Podia sentir aquele estranho e louco mundo tão restrito... Tão limitado e pouco acessível. Olhou pra cima, e sentiu uma lágrima brotando em seus olhos. Se tinha alguma dúvida em sua mente... Não, não havia mais. Tudo estava no mais perfeito sincretismo. Havia encontrado tudo o que buscara a vida inteira. Quem imaginava que a vista seria tão bonita?
Acordou assustado, com o rosto um pouco quente e corado, e podia sentir que seus olhos estavam ainda marejados. Sentia-se diferente. Emocionado e sonhador, ao contrário do meticuloso físico que sempre fora. Perguntava freqüentemente a si mesmo que diabo havia acontecido. Estava levemente transtornado... Confuso... Mas estranhamente em paz e calmo. Nunca sentira isso antes.
Era cedo ainda. Resolveu sair de casa. Dar uma volta com seu carro até achar um bom lugar, calmo, agradável e pacífico, onde pudesse ver o sol nascer. E não foi difícil achar o lugar perfeito.
Um afastado coqueiro, próximo à praia onde era perfeitamente possível enxergar toda a extensão da areia fofa e branca quanto o cristalino azul da água que começava a brilhar com os primeiros raios do sol enquanto o céu também contrastava dando um tom avermelhado ao negrume da noite naquele inenarrável e único – porém tão comum – momento diário. Os primeiros raios de luz tocam a água e refletem. A água beija calmamente a areia em um contínuo e prolongado flerte, indo e vindo. O vermelho vai dando vazão a um alaranjado forte e brilhante com tons quentes que nem o mais inspirado artista foi capaz de captar com suas tintas e pincéis. Sua mente estava completamente vazia. Vazia, não. Absorvida. Ele, sua essência fazia parte e compunha aquele universo particular de uma maneira que jamais seria possível reproduzir.
Por um breve momento, pôde vê-la.
Ela sorria, tímida, e partia.
“Será um bom dia”, ele pensa, enquanto observa sentado calmamente compondo a paisagem idílica, enquanto observa o manto noturno desvanecer.
Ao ver a lua sumindo do céu seus lábios se moviam singelos e sem notar. “Adeus”, e sua mente se absorvia novamente em sonhos e lembranças. Enquanto a luz solar brilhava abraçando todo o mundo com seu suave toque, ele vislumbrava a imagem de outro ponto de vista.
Via do reflexo de seu capacete, com os olhos marejados e sorrindo como criança. Ele se sentia orgulhoso, cheio de si, e queria berrar para os quatro ventos, mas o sistema de comunicação estava falhando, e o pessoal na estação não o ouvia direito. Suas palavras também não pareciam fazer muito sentido, e, com toda a certeza, não faziam jus à imagem. Tudo o que ouviam eram palavras confusas e intercaladas, sem muito nexo entre si, com uma voz emotiva, quase chorosa, e,com toda a certeza, assistindo de uma versão menor, captada por vídeo – mas não menos expressiva – eles entendiam.
A Terra é azul.

O dia seguinte

2 comentários:

  1. Eu prefiro as músicas instrumentais pra material mais introspectivo (Working Man é pra pegar a estrada).
    Tiago "O Categorizador" Salviatti

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  2. No problemo. Rush é sempre Rush, e vice-versa.

    Um abração, e bom ano pra você também!

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