terça-feira, 15 de março de 2011

Para alcançar as estrelas

Faz algum tempo que eu não escrevo... Minto, eu ando trabalhando um bocado, escrevendo vários contos e crônicas para participar de concursos (sejam estes literários ou não), terminei a revisão do meu livro para também inscrevê-lo num concurso (apesar de, eu talvez retificar ou corrigir algumas coisinhas ainda, caso tenha a possibilidade para a publicação), e sinto que faz algum tempo também desde que alguém resolveu dar o ar da graça aqui...

De qualquer forma, faço deste texto como uma sucinta coluna de alguma revista ou jornal, com um tom opinativo e editorial, uma vez que estou falando de algo que me é muito estimado.


Estou falando da epopéia em quadrinhos criada por James Robinson, Tony Harris, publicada na série mensal Starman (do número 0 ao 80, com algumas histórias de back-up), compiladas nos 6 volumes luxuosos em capa dura da coleção Starman Omnibus (que eu terminei de ler hoje, e motivo de minha necessidade por escrever sobre isso).


Claro, são super heróis, são quadrinhos e tudo mais, e alguns podem torcer o nariz pra isso e sobre isso.
Danem-se estes que vão torcer o nariz... Estão perdendo uma das melhores histórias, das mais brilhantes caracterizações de personagens e desenvolvimentos dos mesmos, que, até o presente dia eu já vi.

A série conta a história de Jack Knight, herdeiro do legado de Ted Knight, o aposentado Starman do título da série - que havia delegado este título ao outro filho, David, falecido logo nas páginas iniciais da primeira edição. E é sobre esse relacionamento entre Jack, David (mesmo falecido, fazendo visitas anuais) e Ted, com o amadurecimento e crescimento de cada personagem e suas reflexões sobre o mundo e o cotidiano que dão um charme único à obra.

Mas não só isso.
Claro, a viagem de Jack permeando por todos os conceitos estabelecidos por Joseph Campbell em seu brilhante "O herói de mil faces" (1949) comparando as histórias mitológicas e literárias, o que viria a ser um ponto de partida para todo e cada aspirante a cineógrafo ou escritor.
Ou os detalhes e a arquitetura elaborada de Opal City, com sua história e mitos que refletem e reverberam em nosso mundo, com precisão cirúrgica e assustadora. Ou a arte insana de Tony Harris, que realmente fascina desde o primeiro quadro. Ou os diálogos incrivelmente reais de James Robinson.

Não.
Há um pequeno espaço, onde James recapitula toda a história, quase onze anos após a publicação da última história, no final de cada edição, em que ele explica com uma franqueza brutal o que estava acontecendo.
Ele não poupa, em momento algum, fatos que o mostrem como um grande babaca, presunçoso e egoísta em diversas ocasiões, que o afastaram de alguns dos colaboradores e amigos da série, de sua esposa. E é dessa franqueza que surge um brilho extra, uma luz a mais para brilhar sobre os céus de Opal.

Ficam mais claros motivos, o crescimento do personagem sombrio Shade nos momentos de luto de Robinson pela morte do mentor e amigo Archie Goodwin, e até o crescimento moral de Jack Knight.

É uma longa história sobre homens e monstros, amores perdidos e reencontrados... Sobre seguir em frente com a vida sem esquecer de onde viemos.
É uma lição de vida.

Fica a sugestão a todos, mas adianto que não existem cópias em português (ao menos não do material todo... A editora nacional Panini lançou somente metade do primeiro volume, e por um preço bem salgado). De qualquer forma uma boa maneira de testar o inglês.

Uma boa leitura a quem se aventurar.

PS: Ainda estarei um tanto sumido, mas pretendo responder e-mails ou postar alguma coisa aqui eventualmente. Devo sair em férias em meados de maio - e pretendo visitar alguns amigos, inclusive daqui do blog - e então colocar a casa em ordem e o trabalho em dia... Um abraço à todos.

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